sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

UM DIA PARA SER LEMBRADO

A tarde do dia 22 de janeiro de 2009 jamais sairá da lembrança de Ailton Lopes de Souza, de 43 anos. Ele foi um dos sobreviventes da enchente que assolou boa parte da Avenida Tereza Cristina, na altura do bairro Cinqüentenário, zona oeste de Belo Horizonte. A casa de Ailton, localizada às margens da avenida, teve a parte da frente arrancada e levada pela forte enxurrada. Nesse momento, o morador, que tentava salvar alguns pertences que já se encontravam na água, escorregou e foi logo arrastado pela correnteza, sem que houvesse tempo para sair. “Nessa hora eu só pensava em Deus. Engoli muita água e terra”, conta o mecânico, casado e pai de dois filhos. A família, do alto da casa, assistia a tragédia aos prantos e desespero. “Foi horrível. Agente via tudo de cima e não podia fazer nada”, disse a esposa, Cândida de Souza.
Na medida em que as águas ganhavam velocidade, Ailton era levado para mais longe, acreditando que jamais sobreviveria. “Pensei que tinha chegado a minha hora mesmo”. A certa altura do percurso, cerca de 100 metros de distância da casa, a sua perna se prendeu em uma pedra próximo a uma calçada da avenida. Moradores próximos do local viram Ailton se debater nas águas, até que dois deles lhe puxaram por meio de imenso galho de árvore. Os dois homens de um lado e Ailton na outra ponta. Uma situação arriscada, pois eles se prostraram diante da correnteza para prestar o socorro. Welinton Barroso, de 28 anos, e Mateus Samuel, de 30, foram os responsáveis pela boa ação. “Na hora que o vimos (Ailton) tentando subir, pra não se afogar, não pensamos duas vezes. Pegamos a primeira coisa que tinha na frente, que foi o galho grande que estava aqui e puxamos ele”, recorda Mateus. Ailton escapou com pequenas escoriações no corpo e um corte raso na perna. Para ele, a sobrevivência foi um milagre.
“Foi Deus mesmo que salvou a minha vida e mandou esses companheiros para me ajudar”, resumiu Ailton. Para ele, do susto daquele dia ficou a amizade e a eterna gratidão aos vizinhos generosos.

2 comentários:

ed disse...

Seu texto parece aquelas reportagens do discovery. Passou um filme na minha cabeça enquanto eu lia, rsrs.
abs
edu

João Flávio Resende disse...

Leandro,
As enchentes nas grandes cidades são muito previsíveis. Impermeabilização do solo, córregos encaixotados, lixo acumulado mas galerias pluviais...
Abraços.

Análise dos principais acontecimentos da mídia brasileira e mundial!

Direção/Produção
Leandro Andrade

leandrolfandrade@yahoo.com.br
http://twitter.com/LeandroAndrade2