
Em recente entrevista ao jornal "O TEMPO", uma declaração surpreendente de Raimundo Fagner me chamou a atenção: "Esse pessoal aí só vive de lei de incentivo". Fagner estava se referindo aos consagrados artistas da indústria fonográfica que utilizam a lei de incentivo à cultura para o financiamento de Shows. Para ser mais preciso, a crítica foi direta ao bahiano Caetano Veloso, que está lançando seu novo álbum "Zii e Zie". De fato a crítica é extremamente pertinente, pois Caetano é um típico artista de público restrito, de casa cheia e ingressos à valores astronômicos. E, como não podia deixar de ser, Gilberto Gil não fica atrás. Sua esposa e também produtora, Flora Gil, comentou as críticas recebidas de forma indireta confirmando que "se pode desfrutar da lei, por que não usá-la?" Curiosamente, a verba ficou mais acessível ao seleto grupo após a chegada do cantor que virou ministro. E essa é uma triste realidade aos artistas novatos que lutam para ter um patrocínio e muitas vezes se aventuram em produções independentes, sem garantias de retorno financeiro. O espaço para divulgação de novos talentos torna-se ínfimo, pois na visão do Ministério da Cultura e das Secretarias Estaduais é preferível garantir o benefício para quem já está consolidado no mercado. Ora, mas não é incentivo? Se essa "mamata" é direcionada aos grandes, como é fiscalizada a captação desses recursos, se é que são fiscalizadas? A burocracia para aquisição do benefício é grande e leva-se tempo para ter o projeto aprovado. E pelo visto, a trupe da tropicália que brincava de fazer arte,

Caetano, Gilberto e Flora Gil, os
