Se eu fosse você 2

O título representa um fenômeno de retomada do cinema brasileiro, iniciado por Carla Camuratti com o seu longa "Carlota Joaquina" e, como já é de conhecimento da crítica em geral e do público, um feito extraordinário de Daniel Filho. Aliás, o que já poderia ter sido feito havia tempos. Parecia que só existia verba para exaltação da favelização e das mais variadas misérias urbanas. Uma verdadeira Ode ao que existe de mais trágico em nosso país, como o sistema carcerário, tráfico de drogas, corrupção policial, dentre outros.
Alguns dizem que seria uma forma de "maquiar" o Brasil. Eu não creio. Afinal de contas mazelas podemos encontrar em qualquer parte do mundo. Não na mesma intensidade que a nossa, mas para tudo existe um outro lado, que mereça ser mostrado em todos os ângulos. O cinema existe para ser feito em qualquer tipo de linguagem, seja ela o drama, suspense, ação ou a comédia, como o caso de "Se eu fosse você 2". E por aí podemos citar outros feitos interessantes, como Andrucha Wadington com "Eu, tu, eles". Certa vez, Mazzaropi disse à Marília Gabriela, em uma entrevista, que só conquistou o sucesso financeiro que obteve em sua carreira cinematográfica, porque produziu filmes para o povo, porque se fosse para a crítica, jamais teria se popularizado e alcançado demasiado êxito. O mesmo pode-se dizer de os Trapalhões, apesar de nunca ser lembrado pela crítica elitizada e, portanto, vale ressaltar que por muitos anos foi líder de público dentre as produções nacionais dos anos 80 e começo dos 90.
Daniel Filho consegue fazer o público voltar a assistir filmes nacionais. Talvez o problema esteja justamente no que está sendo feito em termos de cinema. Filmes para a crítica, para os formadores de opinião...ou seja aqueles gatos pingados, metidos a intelectuais e falsos vanguardistas, e para várias cadeiras vazias. Enfim, pessoas que tem saco para tal programa.
Com a palavra os senhores cineastas.